Nesses últimos anos, muito foi pesquisado e descoberto sobre a Covid-19, doença causada pelo coronavírus que teve proporções mundiais e, até hoje, a ciência ainda tenta entender os sintomas e sequelas deixados nos pacientes que foram infectados pelo vírus.
Dentre eles, a perda do olfato e do paladar são consequências que parecem não ter hora marcada para irem embora, prejudicando muito a vida das pessoas em recuperação da doença. Por isso, estudiosos chamaram a condição de “síndrome da Covid longa”.
Apesar disso, felizmente, existem vários tratamentos promovidos pela otorrinolaringologia que podem ajudar a recuperar mais rapidamente esses dois sentidos tão importantes para o nosso dia a dia.
Nesse artigo, vamos falar um pouco mais sobre a condição, citar alguns estudos que já existem e qual o papel do otorrino em auxiliar seus pacientes no tratamento da Covid. Confira.
Síndrome da Covid longa: entenda a definição
A Síndrome da Covid longa é a condição pós-COVID-19 que foi reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a OMS, estão incluídos no quadro pacientes que tiveram Covid e, apesar de terem se recuperado, ainda sofrem com efeitos de longo prazo. Estes podem ir e vir ou serem recorrentes ao longo do tempo.
Nesse quadro, é considerado Covid longa a doença que surge três meses após o início da Covid, com sintomas que duram, pelo menos, dois meses.
Como a Covid afeta o olfato e o paladar?
O vírus da Covid tem efeito direto nas células responsáveis pelo olfato e pelo paladar. Diferentemente dos efeitos de outras doenças respiratórias como a rinite, sinusite e resfriados, na Covid o impacto no olfato e no paladar ocorre de forma abrupta e intensa.
Muitos estudos ainda estão sendo feitos para entender exatamente como os nossos sentidos são afetados pelo vírus.
Olfato
O órgão responsável pelo olfato é o nosso nariz.
Nas cavidades nasais existe um tecido conhecido como epitélio olfativo. Nele estão presentes neurônios e as chamadas células sensoriais de suporte: são elas que detectam os cheiros que sentimos e enviam a mensagem para o cérebro identificar e relacionar de onde vem o odor.
Uma das consequências da Covid é a perda total ou parcial do olfato. Mas, em muitos casos, também pode acontecer de os pacientes sentirem cheiros inexistentes no local e momento que estão inseridos.
Paladar
Sabia que olfato e paladar estão intrinsecamente ligados? O olfato é responsável por aproximadamente 80% da sensação que temos ao ingerir um alimento.
Na nossa língua e palato existem células chamadas de papilas gustatórias. É por meio delas que conseguimos sentir sensações táteis e sabores.
Mas o que chamamos de sabor é, na verdade, a combinação de odores e gostos percebidos pelo sentido gustativo e olfativo. É devido a esses distúrbios de olfato e/ou paladar que pacientes com Covid não conseguem, em grande maioria, distinguir entre amargo ou doce.
Os especialistas suspeitam que o vírus afeta as células nervosas diretamente envolvidas com a identificação de cheiros e sabores.
Estudo da Fiocruz sobre a Covid
Para mapear todo esse quadro, uma pesquisa comandada pela Fiocruz mostrou que metade das pessoas diagnosticadas com Covid apresentam sequelas que podem perdurar por mais de um ano, ou seja, entraram para as estatísticas da população que teve a síndrome de Covid longa.
Ao todo, a pesquisa contabilizou 23 sintomas após o término da infecção aguda. Os mais encontrados foram:
#1 Fadiga (cansaço extremo e dificuldade em realizar atividades rotineiras) – relatada por 115 pessoas (35,6%);
#2 Tosse persistente – relatada por 110 pessoas (34,0%);
#3 Dificuldade para respirar – relatada por 86 pessoas (26,5%);
#4 Perda do olfato ou paladar – relatada por 65 pessoas (20,1%);
#5 Dores de cabeça frequentes – relatada por 56 pessoas (17,3%).
Além disso, também chamam a atenção os distúrbios mentais como insônia (26 pacientes – 8%), ansiedade (23 pacientes – 7,1%) e tontura (18 pacientes – 5,6%).
Apenas pessoas com quadros graves da Covid foram afetadas?
Não. Os resultados do estudo mostraram que os sintomas pós-infecção se manifestam nas três formas da doença: grave, moderada e leve.
Entre os pacientes diagnosticados na forma grave da Covid, uma quantidade de 33,1% dos pacientes tiveram sintomas duradouros. Na forma moderada da doença, um número correspondente a 75,4% das pessoas analisadas manifestaram os sintomas e por fim, na forma leve, 59,3% apresentaram sintomas meses após o término da infecção aguda.
Ou seja, a Covid longa pode ocorrer até mesmo em pessoas que, durante a fase aguda da infecção, estiveram assintomáticas.
Existem predisposições para adquirir Covid longa?
Sim. De acordo com o estudo da Fiocruz, foram observadas oito comorbidades que podem levar a uma infecção mais grave e aumentar as chances de Covid longa.
São elas: hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica, tabagismo e alcoolismo.
Como é feito o tratamento para perda de olfato e paladar
O profissional que irá realizar o tratamento dessas sequelas é o otorrinolaringologista.
O acesso ao teste de olfato ainda é limitado, porém existem outros exames complementares e sintomas que auxiliam o médico a definir o tratamento e acompanhar a resposta.
Já para pacientes com síndrome da Covid longa é indicado o treinamento olfativo, que funciona como um estímulo para as várias regiões do nervo olfatório.
Nesse treinamento o paciente recebe vários recipientes contendo algum ingrediente e ele deve treinar tentando identificar o que tem dentro do frasco. Medicamentos também podem ser recomendados para auxiliar no tratamento.
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